Investimentos em restaurações no Centro Histórico de Santana de Parnaíba
07-jun-2012Atualmente, está em andamento a restauração do Museu Casa do Anhanguera e do Casarão Monsenhor Paulo Florêncio da Silveira Camargo, ambos localizados no Largo da Matriz, no Centro Histórico. A obra, que prevê a realização de serviços emergenciais de proteção e restauração, deve ser concluída até o final do primeiro semestre deste ano.
Hoje, Santana de Parnaíba possui o maior conjunto arquitetônico preservado do Estado de São Paulo, com 209 edificações dos séculos XVII, XVIII e XIX, tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT).
Considerados dois grandes símbolos da cidade, o Museu Casa do Anhanguera e o Casarão Monsenhor Paulo Florêncio da Silveira Camargo, datados dos séculos XVII e XVIII, respectivamente, são importantes edificações que compõem o rico Patrimônio Histórico de Santana de Parnaíba. Eles são tombados pelo CONDEPHAAT e pelo Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que autorizaram a obra de restauro nos dois imóveis. O trabalho, que teve início em março de 2011, está sendo coordenado pela Secretaria Municipal de Obras e executado pelo Estúdio Sarasa Conservação e Restauração S/S Ltda., e totalmente custeado com verba municipal, orçado em R$ 800 mil. “Este trabalho tem um significado muito especial para o município, pois são dois imóveis fundamentais para a compreensão da história, da arquitetura e das técnicas construtivas do período colonial. Através deles, é possível conhecer um pouco sobre a vida e o cotidiano dos moradores do Planalto nos primeiros séculos da colonização, como, por exemplo, a inexistência de cozinha e banheiro dentro das casas”, ressalta o Prefeito Silvinho Peccioli.
Pela complexidade da obra, em um primeiro momento, foi feito um projeto de restauro, que foi apresentado ao CONDEPHAAT e ao IPHAN. Após a aprovação dos órgãos, a obra passou a ser executada em diversas etapas. Foi feita a revisão completa da estrutura do telhado das duas edificações, onde foram retiradas todas as infiltrações que acabaram comprometendo as paredes dos imóveis e, como conseqüência, toda a sua estrutura. Na etapa seguinte, foi promovida a prospecção das paredes das duas edificações, para a realização de um estudo do material utilizado na sua elaboração e da estrutura construtiva dos mesmos.
Em seguida, todo o reboco antigo foi removido e feito o tratamento das paredes com suas reconstruções na técnica construtiva presente nos imóveis. Também foi feita a recuperação de todas as peças em madeira do Museu e do Casarão, entre eles, dos batentes, portas, janelas, pisos, forros e sacadas. No momento, as obras de restauração dos dois imóveis encontram-se em fase final, ou seja, de pintura e acabamento. E, visando garantir a preservação das duas edificações, as mesmas foram descupinizadas.
Acessibilidade
Para atender as normas de acessibilidade, previstas em legislação federal, assim como as outras edificações públicas da cidade, que vem passando por adaptações ou sendo construídas nos moldes atuais, cada edificação será adaptada para atender às necessidades dessa parcela da população. No Museu, será construída uma rampa de acesso e, no Casarão, além de uma rampa de acesso, o mesmo vai contar com um elevador, para facilitar a visitação de portadores de mobilidade reduzida.
Curiosidades
Durante a execução de restauração do Museu e do Casarão, foram descobertos alguns aspectos históricos, que devem enriquecer ainda mais o acervo da cidade e render pesquisas sobre o assunto. Até porque, de acordo com o coordenador de restauro da empresa responsável pela obra Antonio Luis Ramos Sarasa Martim, em toda obra do gênero, a descoberta de novas informações sobre os imóveis que passam por esse tipo de intervenção é bastante comum.
No caso do Casarão, durante a restauração da parede do local, foi descoberto que a primeira versão da construção original era térrea, assim como o Museu, e que o pavimento superior havia sido erguido, posteriormente. Tal descoberta se deu após a fase de prospecção dos imóveis, nos quais se descobriu, que além da trazer como técnica construtiva a taipa de pilão, o Casarão ainda apresenta preenchimento de adobe (outra técnica construtiva antiga).
Segundo Sarasa, a maior importância de um trabalho de restauração é que ele sempre agrega valor histórico-cultural para a comunidade no qual o imóvel está inserido. Tanto que durante uma obra deste gênero, dá para se aproveitar esse processo de reconstrução, para se resgatar informações, muitas delas, desconhecidas. “Este tipo de iniciativa, além de resgatar a imaterialidade das edificações, abre precedente para estudos históricos dos mesmos, abrindo mão de diversas outras atividades paralelas. Um trabalho como este promove uma transformação social e histórica, valorizando a área no qual os imóveis estão inseridos”, acredita o coordenador de restauro.
Durante esse processo, Sarasa diz que se constatou que o Museu foi construído totalmente de acordo com as tradições bandeiristas, em taipa de pilão. Já o Casarão, traz traços que se encaixam mais no estilo neoclássico, ao trazer remanescentes de taipa de pilão agregado ao adobe, sendo este último, principalmente, na construção do assobradado.
De acordo com a historiadora da cidade Agacir Eleutério, este trabalho é fundamental para a história do País. “A própria técnica construtiva utilizada nos imóveis é uma fonte de pesquisa importantíssima para os estudantes de arquitetura e pesquisadores, em geral. Já que ela foi muito difundida em São Paulo e daqui foi levada para o restante do Brasil, sendo que pouco dela restou em outras cidades. No centro da cidade de São Paulo, por exemplo, temos apenas uma parede de taipa de pilão no Pátio do Colégio e nada mais. Assim, o restauro desse importante conjunto (Museu e Casarão) é uma ação que vai muito além dos limites de nossa cidade, pois se trata da preservação de um patrimônio cultural imprescindível para a compreensão da história do País”, afirma a historiadora.