Descaso da gestão anterior deixa patrimônio sem verba
21-abr-2013Falta de projeto barra liberação de R$ 15 milhões do Iphan para recuperação de prédios históricos
Depois de dois anos esperando pela liberação de R$ 15 milhões prometidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para a restauração da Estação Cultura e a segunda fase da preservação do Palácio dos Azulejos, a Prefeitura de Campinas descobriu que os dois projetos com pedido de verbas nunca foram enviados para Brasília.
Erguido em 1891, em estilo eclético, pela Companhia Mogiana de Estrada de Ferro e utilizado como sua sede até a década de 1960, o Palácio da Mogiana é patrimônio cultural de Campinas. Construído pela empresa Masini e Cia, sob direção dos engenheiros Rabelo Leite e René Renaud, passou por reformas em 1908-1910 e teve uma parte demolida em 1953. Em 1910, o prédio com entrada para a General Osório foi concluído com a construção do banheiro externo ligado ao edifício por uma plataforma coberta de vidro fosco.
O município deveria ter apresentado tanto os projetos básicos quanto os executivos. De acordo com o governo, para o restauro do Palácio dos Azulejos, seriam necessários cerca de R$ 5 milhões para as obras. O restante seria destinado à Estação Cultura, envolvendo recuperação inclusive de barracões históricos e intervenções no entorno.
“Estamos recomeçando esses projetos praticamente do zero, retomando negociações para que os restauros e projetos de revitalização desses espaços possam ser definidos e para que tenhamos a posse daqueles que hoje estão com o Estado, caso da Mogiana e Museu da Cidade”, disse o secretário de Cultura e presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc), Ney Carrasco.
Palácio dos azulejos foi construído utilizando a técnica do adobe, barro socado, e tem sua fachada revestida em azulejos português. Quem olhar para os azulejos restaurados na fachada do centenário edifício dirá imediatamente que eles tem fundo rosa e desenhos em azul. Nada mais errado que isso. O fundo é branco e os desenhos, azuis. A presença da cor rosa não passa de uma ilusão visual, segundo o restaurador Antônio Luís Sarasá. O azul cobalto do azulejo concorre com o verde das paredes e porta e cria a distorção visual.
O Palácio dos Azulejos espera há oito anos pela conclusão do restauro para poder recuperar as pinturas internas, os elementos decorativos e o pátio. Único bem histórico de Campinas que é patrimônio municipal, estadual e nacional, o palácio concluiu, em 2004, a primeira fase do restauro e aguarda, desde então, autorização do Ministério da Cultura (MinC) para iniciar a captação de recursos para as obras. A segunda fase deverá consumir R$ 1,2 milhão, segundo a Coordenadoria Setorial do Patrimônio Cultural (CSPC). O Palácio dos Azulejos é a sede do Museu da Imagem e do Som (MIS).
A Estação Cultura de Campinas é a antiga estação ferroviária da cidade. Inaugurada em 1872, foi tombada como patrimônio histórico e cultural da cidade em 1982.
Serviu como estação ferroviária até 15 de março de 2001, época em que partiu o último trem de passageiros com destino a Araraquara.
Desde de julho de 2003, com a desativação completa da Rede Ferroviária Federal S.A (RFFSA) passou a abrigar unidades da Secretaria Municipal de Cultura.
O secretário planeja instalar a sala de cinema Glauber Rocha, e ter um bistrô no patio do edifício, para que se torne ponto de encontro, onde as pessoas possam se reunir depois do cinema, para conversar e debater o filme.
Os trabalhos previstos para a segunda fase das obras são as instalações de iluminação externa e interna, paisagismo do pátio interno, recomposição dos murais com pinturas artísticas e restauro da fachada lateral interna do pátio, além de cuidados com a parte dos fundos do primeiro andar e nas instalações sanitárias.
Já a Estação Cultura precisa da verba para recupera a estação e os barracões. O projeto, segundo Carrasco, será atualizado para que a restauração siga a proposta da atualmente Administração, que é transformar o complexo ferroviário em um grande parque no Centro da cidade.
“A área é tombada como patrimônio e vamos preservá-la na sua integridade. A intenção é recuperar a estação e os galpões e fazer um imenso jardim no espaço restante” , afirmou Carrasco.”Nosso projeto é utilizar todos os edifícios existentes no complexo ferroviário, sem construir mais nada” , disse .
O Museu da Cidade está instalado no edifício Lidgerwood, edificação construída em 1885, pertence ao Governo do Estado e está cedida à Prefeitura de Campinas que vem negociando sua aquisição.
A proposta municipal é trocar o prédio com dívidas tributárias estabelecendo negociação semelhante a que vem sendo conduzida com a Rede Ferroviária Federal S.A. para a aquisição do complexo ferroviário.
Ele informou que o projeto é que o lugar esteja apto para a uma família possa passar o dia todo naquela área, participando de aulas de ginástica, dança, assistindo filmes, visitando museu (a Prefeitura planeja um museu ferroviário a céu aberto), áreas de exposição, de concertos, de shows e com locais para almoçar ou jantar.