
Das dez principais obras culturais tocadas pela Prefeitura de São Paulo – oito com cronograma atrasado -, metade sofreu reajustes financeiros em sucessivos aditamentos de contrato. O Centro Cultural da Penha, na zona leste, por exemplo, cujo orçamento inicial era de pouco mais de R$ 1,5 milhão, agora deve custar R$ 2 milhões.
Situações semelhantes ocorrem na Biblioteca Mário de Andrade (que foi de R$ 13,2 milhões para R$ 16,4 milhões; 24% mais cara, em quatro aditamentos contratuais), no Teatro Municipal (de R$ 5,8 milhões para R$ 7,1 milhões; aumento de 22,5%, em dois aditamentos), na Praça das Artes (de R$ 103 milhões para R$ 123,5 milhões; acréscimo de 20%) e no Solar da Marquesa (de R$ 1,9 milhão para R$ 2 milhões, acréscimo de 5,2%).
Peculiaridades. Profissionais envolvidos no restauro, reforma e construção de equipamentos culturais atribuem a características próprias do setor as causas dos atrasos e reajustes. Há também fatores mais prosaicos. “No ano passado, tivemos uma temporada chuvosa. Isso atrasou as obras do Teatro Municipal no mínimo em cinco meses”, afirma a engenheira Maria Aparecida Soukef, gerente da Concrejato, responsável pela recuperação do prédio. “Como a maior parte dos trabalhos é de recuperação das fachadas, há atividades que simplesmente não conseguimos fazer com umidade.”
No caso do Solar da Marquesa, mudanças no método de restauro e a descoberta de vestígios arqueológicos após o início das obras levaram a três adaptações de contrato, num atraso que já chega a oito meses. “Às vezes, os atrasos vêm para preservação, como quando percebemos que seria possível restaurar portas e piso originais, e não mais trocá-los”, disse o restaurador responsável pela obra, Antônio Sarasá, do Estúdio Sarasá. “Deve haver diretrizes para a obra, mas não acho que seja possível prever tudo, pois engessaria a obra e encareceria o processo logo no princípio.”