Bens históricos ganham zeladores

15-set-2013

Estúdio SarasáEm um projeto pioneiro em São Paulo, 40 alunos vêm sendo formados para ser zeladores do patrimônio histórico, artístico e cultural. Desde junho, eles frequentam gratuitamente as aulas. A iniciativa partiu do conservador e restaurador Antonio Sarasá, em parceria com o Museu de Arte Sacra, que cede o espaço e a infraestrutura para o curso.

O projeto é financiado pela Obra Assistencial Dona Cecília Galvão Vicente Azevedo, que bancou os cerca de R$ 300 mil necessários. “Gastamos milhões de reais, todos os anos, com restauração aqui em São Paulo. E gastamos quase zero em conservação”, diz Sarasá, coordenador do curso. “Por isso, acho importante formarmos pessoas qualificadas para trabalhar nos prédios, públicos ou privados, que tenham importância histórica”, completa.

A ideia é que, tendo essa mão de obra no mercado, a manutenção dessas edificações seja feita com um cuidado maior e constante, evitando a necessidade de tantas restaurações periódicas. As aulas são realizadas de segunda a sexta-feira, no período da tarde, em um prédio administrativo do museu, no bairro da Luz, região central da cidade. Os alunos, entre eles profissionais liberais e também universitários, aprendem noções de História, Arqueologia, Arte, Eletricidade, Hidráulica, Carpintaria, Legislação, entre outros temas.

Professores – Há professores da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Presbiteriana Mackenzie, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), além de outros especialistas convidados. São cerca de 20 docentes.

O curso termina em novembro. A expectativa dos organizadores é de que haja novas turmas. “Espero que continuemos”, afirma Beatriz Vicente de Azevedo, diretora do Museu de Arte Sacra. “Sempre me dói o coração ver o abandono dos bens culturais. Esse curso muda a perspectiva: mostra que não adianta colocar a grade depois que veio o ladrão, pois ensina a prevenir os problemas.”

Sarasá quer fomentar também, em paralelo à formação desses novos profissionais, uma mudança de mentalidade dos administradores dos edifícios históricos. “Espero que eles comecem a ter em seus quadros funcionários com a função de zelar pela conservação”, explica. “Trata-se de uma mudança de política cultural”, completa.

Os alunos vislumbram essa oportunidade. O universitário João Paulo Martinez, de 22 anos, pediu demissão do emprego para poder participar do curso. “Quero me inserir nesse mercado, trabalhar com conservação”, afirma ele, que cursa graduação em História da Arte. A arquiteta Magda Rosa, de 46 anos, também enxerga as aulas como uma oportunidade única. “Sempre gostei disso”, comenta.

Fonte: Jornal da Tarde – Estadão

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