Levantamentos, Diagnóstico, Intervenção de conservação e Zeladoria da Residência Gozo Okiyama, em Registro

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O Estúdio Sarasá foi contratado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN, em 2012, para Levantamento, Diagnóstico e Serviços Emergenciais na Arquitetura Rural Japonesa de Registro-SP. Os trabalhos abrangeram cinco edificações provenientes do processo de transposição da cultura dos imigrantes japoneses e da sua adaptação no Vale do Ribeira. Desde então, ações de conservação e zeladoria têm sido implementadas.

Foi aprofundada a identificação dos materiais, sistema construtivo, estado de conservação e temporalidades das edificações, exemplares de uma arquitetura tradicional, construções rurais de madeira, barro e fibras vegetais.

A Residência da Família Gozo Okiyama tem uma das últimas moradoras tradicionais da região, sendo composta pela Casa do Bicho da Seda, Casa Antiga (Minka) e Residência Nova.

Antes do início da execução dos serviços pelo Estúdio Sarasá, o IPHAN, atento ao arruinamento das edificações rurais em Registro, havia realizado uma obra emergencial em função do rompimento de uma viga mestra na Residência Gozo Okiyama. Na época, já alertava à iminência de desabamento, pois a casa já quase não suportava a força da gravidade, sendo preciso, portanto, atestar e realizar a possibilidade do escoramento provisório e outras providências.

A chamada para os trabalhos nessas edificações, portanto, veio como corrida contra o tempo, uma vez que necessário um levantamento minucioso, em caráter de urgência, para se estudar a possibilidade de recuperação ou reconstrução segundo a tradição da carpintaria japonesa.

A Residência Gozo Okiyama é composta por duas edificações contíguas, erigidas em momentos distintos e que representam, também, tipologias diferenciadas. A primeira, foi construída em acordo com os preceitos japoneses, uma minka tradicional (algo como “casa da gente do povo”, cuja tradição remonta dez séculos, sendo os exemplares mais antigos conservados no Japão do século XV), que consiste em muito mais do que uma construção, pois carrega significados simbólicos da cultura tradicional japonesa. Acredita-se que tenha sido edificada como primeira morada, sem que, contudo, se saiba a época de sua construção. É o único exemplar residencial que documenta a fase inicial da colonização em Registro. A casa mais nova foi edificada em 1938 e evidencia as modificações que esse tipo de arquitetura sofreu até a sua substituição pela morada moderna.

Atestou o Estúdio Sarasá a necessidade emergencial de ações no sentido de reparos na estrutura da cobertura, bem como providências à proteção e segurança da moradora. Implementou-se não apenas os reforços, permuta de peças estruturais, telhas, ou a efetivação de proteções em áreas arruinadas, com o armazenamento de peças soltas ou deslocadas da edificação, mas a guarida das instalações e proteção da Sra. Okiyama.

Ações e posturas junto à Associação Nipo Brasileira de Registro, a Bunkyo, foram determinantes para se caminhar além da proposta do trabalho que estava sendo executado. Era preciso correr à salvaguarda das estruturas, mas também da história daquela morada. Participou-se, então, ao IPHAN a necessidade de se trabalhar na cultura da memória do local, tocados pela atitude da Zeladoria – ações simples a perpetuar grandes legados. A carga imaterial invadiu as pesquisas e maravilhou a atuação do Estúdio Sarasá, vendo-nos motivados a pleitear medidas restaurativas à casa antiga da Família Okiyama, fazendo tal apelo ao IPHAN e solicitando a deliberação à salvaguarda.

Em momento seguinte, conseguiu-se, portanto, ir além da estabilidade da casa com os escoramentos, reforços, substituição de peças comprometidas e leitura do seu estágio de conservação e técnica. Conduziu-se o estudo pelo aspecto da saliência histórica da casa mais antiga, dado seu valor não só por ter albergado local de apoio à criação do bicho da seda, da produção do junco (por serem elementos importantes à abastança econômica da região e no âmbito familiar), mas pela significância que aquela habitação possui: remanescente da efetiva casa japonesa, a minka, de tipologia primitiva e feição muito particular.

Conseguiu-se, então, dar sobrevida a um expoente tão particular, exclusivo no país, pelo que se sabe, firmando-se constância, na garantia da sua fruição e sustentabilidade.

Diante da importância da sua narrativa e da ampla responsabilidade de resguardar aquelas técnica e aparência, o IPHAN busca esforços, desde então, à mantença dos imóveis produtos da imigração japonesa.

No final de 2015, O Estúdio Sarasá participou de certame à execução de serviços de manutenção e conservação das coberturas e tratamento do madeiramento das residências da imigração japonesa, em Registro-SP, o que também contribuiu à continuidade na preservação do local.

Antes, durante e após o Projeto de 2012

Agora (2015)

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