Monumento aos heróis de 32 é restaurado
09-jul-2013O monumento aos heróis da Revolução Constitucionalista de 1932, em frente ao Cemitério da Saudade, começará a ser restaurado em 15 dias, depois de muitas idas e vindas para a liberação da verba necessária pelo Ministério do Turismo. A recuperação do monumento, onde estão sepultados os campineiros que pegaram em armas para combater a ditadura de Getúlio Vargas e exigir a instalação de um Estado de direito constitucional, marca os 81 anos da deflagração da revolução lembrados no dia 9 de julho.
Para a realização da obra no mausoléu tombado como patrimônio histórico de Campinas, a Prefeitura contratou o Estúdio Sarasá Conservação e Restauro, que ao custo de R$ 104 mil e durante seis meses, fará a recuperação e conservação daquele mausoléu, conforme publicação no Diário Oficial do Município. O dinheiro, segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Samuel Rossilho, é resultado de emenda parlamentar ao orçamento federal, apresentada há dois anos pelo deputado federal Guilherme Campos Filho (PSD), mas cuja liberação estava travada. “Fizemos uma força tarefa, tivemos apoio da Caixa Econômica e conseguimos liberar a verba”, disse.
O restaurador Antônio Luís Ramos Sarasá Martin, que trabalhou na primeira fase de recuperação do Palácio dos Azulejos e está concluindo o restauro da Santa Casa, disse que será preciso eliminar a infiltração de água que ao longo dos anos foi manchando as pedras do monumento. Também será retirada a tinta verde que recobre o busto para que a pátina natural retorne à obra.
Atualmente é difícil identificar os nomes dos 16 campineiros homenageados, por causa da falta das letras que caíram ao longo do tempo. As que estão faltando serão recompostas. A intenção do restaurador é também a de estudar de quem são os corpos sepultados, fazer um levantamento histórico, tentar obter fotografias daqueles mortos para que a identificação fique completa.
De autoria de Marcelino Velez, o mausoléu foi inaugurado em 9 julho de 1934 e abriga os restos mortais de voluntários campineiros que morreram em decorrência do movimento constitucionalista de 1932. A construção foi financiada na época pela iniciativa privada. A inauguração contou com a presença do presidente da comissão que organizou a homenagem, Silvino de Godoy, e do poeta da revolução, Guilherme de Almeida, que fez o discurso inaugural.
Entre os 830 paulistas mortos na Revolução, 16 eram campineiros e estão homenageados no monumento. Foi necessário um grande esforço de guerra e, em Campinas, antigas fábricas passaram a ser depósito de balas, capacetes, granadas, enfim, materiais fundamentais em um combate.
A Casa de Saúde transformou-se em hospital de guerra e Campinas foi uma das primeiras cidades a ser bombardeada, levando a óbito o menino escoteiro Aldo Chioratto, atingido por uma série de estilhaços.
Acervo
Campinas abriga outras agremiações e acervos que guardam a memória do conflito armado capitaneado por paulistas com suas forças civis e públicas em defesa da Constituição brasileira frente à continuidade do governo provisório de Getúlio Vargas, instituído por força militar em 1930, entre eles a Sociedade Veteranos de 32 MMDC Campinas, o Clube dos Veteranos (1974), o Museu 9 de Julho e o acervo da Revolução de 1932 guardado pelo 8 Batalhão da Policia Militar de Campinas.
O Centro de Memória da Unicamp tem vasto material da revolução, com fotos, jornais. Há muitas fotografias de mulheres que, na revolução, formavam o apoio da retaguarda da batalha, confeccionando luvas, toucas, agasalhos e lenços para os combatentes. De acordo com pesquisadores do Centro de Memória, a preparação do movimento armado requereu uma série de providências que incluíram desde a instrução dos milhares de voluntários até a arrecadação de fundos para compra de armamentos, uniformes, combustíveis e demais suprimentos; e que bandeiras, broches, medalhas, cinzeiros, botões, vasos, enfeites e objetos portadores da propaganda revolucionária espalharam-se com rapidez.