Catedral da Sé será o novo museu de SP
15-out-2000Palco de acontecimentos históricos de várias épocas, a Catedral da Sé será reaberta, em junho do próximo ano, como o mais novo museu da cidade de São Paulo.
A Cúria Metropolitana teve a ideia de transformar a Sé em um “templo-museu” durante as obras de reforma da igreja, interditada pelo Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis) desde julho de 99 por oferecer risco de desplacamento da abóbada (queda de pedaços de alvenaria).
Para reformá-la, foi necessário pesquisar nos arquivos da Cúria as plantas originais do arquiteto Maximiliano Hell, de 1912. A Catedral da Sé começou a ser construída em 1913 e foi inaugurada em 25 de janeiro de 1954, por ocasião do quarto centenário de São Paulo.
Na busca, foram encontradas fotos, documentos e peças de arte sacra importantes para a história de São Paulo, porém esquecidos nos arquivos da Cúria Metropolitana.
“A construção da nova catedral ocorreu na virada do século 19 para o 20, articulando-se com os desafios da imigração e consolidando a expansão urbana e social da capital paulista”, considera o arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes, em artigo sobre a reforma.
No artigo, dom Cláudio informa que a Cúria convidou o papa João Paulo 2º para inaugurar a catedral, em complemento ao convite para participar do 14º Congresso Eucarístico Nacional, que encerra, em Campinas, o calendário comemorativo dos 500 anos do catolicismo no país.
Segundo o monsenhor Arnaldo Beltrami, após a conclusão das obras, esses documentos -espalhados entre a Cúria Metropolitana, o Museu do Ipiranga e a catedral- serão reunidos na Sé.
Para o monsenhor, será o suficiente para realizar diversas exposições históricas. Além dos documentos da construção, há os que registram a antiga catedral colonial, construída a partir de 1745 e demolida para dar lugar à atual.
As peças de arte sacra que constituem o mobiliário da igreja -nunca catalogadas e identificadas para os visitantes- formariam uma espécie de mostra fixa.
Segundo o arquiteto Paulo Bastos, autor do projeto de restauro, entre as peças encontradas está o vitral que ficaria em cima da porta principal da igreja.
Por um erro de cálculo, o vitral, em forma de rosácea, foi fabricado na França em tamanho maior, e, por isso, não foi instalado. No lugar, estão vidros brancos.
A abertura à visitação, monitorada por guias, daria acesso a locais desconhecidos da população, como a cripta, capela que fica embaixo do altar-mor, onde estão os restos mortais de bispos e de personagens históricos.
Orçamento
O projeto de restauro da Sé foi orçado em R$ 16,7 milhões. A verba está sendo captada junto à iniciativa privada por meio das leis Rouanet e Mendonça, que concedem descontos em impostos proporcionais à doação.
Além de Bastos, participam do projeto a empresa Concrejato, o Estúdio Sarasá, o restaurador Júlio Moraes e a Expomus, empresa especializada em museologia.
De acordo com a engenheira Maria Aparecida Soukef Nasser, da Concrejato, as obras foram divididas em duas etapas. “Primeiro, tínhamos de colocar a igreja em ordem, cuidando das trincas, dos cupins e das instalações em geral. Depois, cuidaríamos de concluir a obra”, diz.
A primeira etapa da reforma está orçada em R$ 1,6 milhão. Esse dinheiro, segundo Maria Aparecida, já foi captado.
O restante está em fase de captação, mas tem, como candidatos a doadores, empresas como Bradesco, Itaú e Votorantim. Entre os que já colaboraram, estão a construtora Camargo Correia e a Petroquímica União (PQU).