Cachoeira inaugura em definitivo o Château D’Eau repaginado

27-mar-2017

Toninho Sarasá junto às ninfas: entrega oficial do Château D'Eau à cidade aconteceu neste sábadoO restauro do Château D’Eau, principal monumento de Cachoeira do Sul, foi inaugurado em definitivo no final da tarde deste sábado (25) em cerimônia realizada junto ao complexo arquitetônico da Praça Balthazar de Bem, onde ficam também o Paço Municipal e a Catedral Nossa Senhora Conceição. Autoridades e a comunidade de Cachoeira do Sul presenciaram o momento histórico da entrega das obras executadas pelo Estúdio Sarasá, financiadas pela Corsan e com a supervisão da Prefeitura.

A solenidade foi aberta pelo restaurador Antônio Sarasá, proprietário do Instituto Sarasá, que tem em seu portfólio restauro de prédios históricos, como o Teatro Municipal de São Paulo, os vitrais da Catedral de Brasília e o Museu do Ipiranga. Ele falou sobre o desafio que foi o restauro do Chatodô, cuja estrutura estava bastante desgastada pela ação do tempo e depredada pelo vandalismo. “Fomos aprendizes com esta obra, que nos exigiu muito. Trabalhar com o patrimônio é manter a memória viva”, discursou.

Representante do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de Cachoeira do Sul (Compahc), a professora e pesquisadora Miriam Ritzel também destacou a importância da preservação de monumentos históricos e culturais para a preservação da identidade de um povo. “O povo que guarda seu passado jamais perderá a sua identidade”, frisou.

Na mesma linha, o presidente da Corsan, Flávio Ferreira Presser, destacou que “assim como devemos conservar os nossos recursos hídricos, temos de conservar o nosso patrimônio”. “Parabéns, Cachoeira do Sul, pela demonstração de civismo e compromisso com a cultura”, complementou o secretário estadual da Cultura, Esporte e Lazer, Victor Hugo.

As obras do Château D’Eau tiveram início na administração municipal anterior, do ex-prefeito Neiron Viegas. O projeto é da Organização da Sociedade Civil Defender, entidade presidida pelo produtor cultural Telmo Padilha.

 

Ghignatti: “Quando criança, muito tomei banho junto às ninfas”

O prefeito Sergio Ghignatti subiu ao palanque e relembrou que o projeto de restauro do Château D’Eau foi um dos itens decisivos para que o município renovasse o contrato de concessão dos serviços de água e esgoto com a Corsan, no seu primeiro mandato, em 2011.

Ele afirma ter um carinho todo especial pelo monumento, e até contou que se banhava nas águas junto às ninfas na época em que seu pai, Henrique Ghignatti, foi prefeito de Cachoeira do Sul. “Quando criança, muito banho eu tomei junto aos chuveirinhos das ninfas quando trazia lanche para o meu pai aqui na Prefeitura”, recordou o prefeito Ghignatti, arrancando gargalhadas do público.

Com o restauro, as ninfas deixam de jorrar filetes de água. O restaurador Antônio Sarasá explica que a decisão foi tomada porque a água que passava internamente pelas oito ninfas acabavam degradando ainda mais as estruturas.

TOMBADO PELO ESTADO

Tombado como patrimônio histórico e cultural do município de Cachoeira do Sul em agosto de 2012, o Château D’Eau foi também reconhecido neste sábado como patrimônio do Rio Grande do Sul. O processo de tombamento foi finalizado com a assinatura do secretário de Cultura, Victor Hugo, e do prefeito Sergio Ghignatti, no final da solenidade.

O secretário Victor Hugo salienta que o Estado – através da Secretaria da Cultura e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) – passa a ter responsabilidade solidária com a manutenção do Château D’Eau. “Temos uma política de não banalizar os tombamentos, mas nesse caso houve o restauro e um processo muito bem instruído”, explica.

O ato de tombamento vai ser publicado nos próximos dias no Diário Oficial do Estado. Após a cerimônia, o público acompanhou a apresentação da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), na Catedral Nossa Senhora Conceição.

 

CHÂTEAU D’EAU

– O Château D’Eau foi construído em 1925 para levar a água, por gravidade, ao reservatório de distribuição, localizado na Rua Júlio de Castilhos e, ao mesmo tempo, regular a pressão da água nas zonas mais elevadas. Com o passar do tempo e o crescimento da cidade, no início da década de 1970, o equipamento deixou de ser usado para o abastecimento de água, tornando-se apenas um chafariz. Desde então, o local sofreu com a ação do tempo e foi preciso um trabalho técnico de recuperação, de acordo com a importância do monumento.

– O Château D’Eau é um torreão vazado, em estilo neoclássico, com colunas dóricas no térreo, jônicas no primeiro andar e coríntias no último lance. No topo está a representação de Netuno e, ao redor do torreão, oito figuras de ninfas semi-inclinadas carregando cântaros, de onde jorram filetes de água para dentro de um espelho d’água recortado em compartimentos pelas alamedas que conduzem às escadarias.

– Orçadas em cerca de R$ 1 milhão, as obras de restauro também incluíram nova iluminação, restauro do espelho d’água e paisagismo.

Fotos do evento

Jornal O Correio 

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